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Mind The Trash Responde: Consumo consciente e Desperdício Zero

Sustentabilidade
Mind The Trash 3

Para quem não sabe, a Mind The Trash começou inicialmente como um blog e conta de instagram, onde iam sendo partilhadas dicas e algum conteúdo que pudesse ajudar e inspirar as pessoas a entrar nesta jornada mais sustentável. 

O sucesso para uma vida de consumo consciente e desperdício zero, passa muito pela informação que consumimos. Quanto melhor informados estivermos, melhor conseguimos mudar os nossos hábitos e comportamentos.

E por isso no passado dia 15 de junho, colocámos nos stories do nosso Instagram uma caixa de perguntas para que pudessem expor as vossas dúvidas, em relação a este tema. 

Mind The Trash

Como recebemos perguntas tão interessantes, decidimos responder a algumas das vossas dúvidas neste artigo!

Perguntas que vão ser respondidas neste artigo:

  1. Como investir no que é sustentável, sem ter muito dinheiro?
  2. Porque não há arroz a Granel?
  3. Como desfazer das esponjas para a loiça de plástico reciclado? 
  4. Apoiar o comércio local ou alternativas sustentáveis de longe?
  5. Pegada Ecológica do Papel vs Plástico
  6. Pegada no transporte, vale a pena encomendar um produto que venha de barco ou de comboio, da China ou da Alemanha, por exemplo?

Pergunta 1:

Como investir no que é sustentável, sem ter muito dinheiro?

Ter uma vida mais amiga do ambiente não acontece do dia para a noite. É um processo que demora tempo e que tem de ser gradual. Não podemos mudar logo todos os nossos hábitos de uma vez ou trocar todos os produtos que já possuímos por novos, mais sustentáveis. Por essa razão, aconselho a primeiro fazeres uma lista de 3 ou 4 coisas que queres mudar. E à medida que fores conseguindo, vais aumentando essa lista.

Depois é importante perceber se essas coisas que queres mudar, consegues fazê-lo sem gastar dinheiro? Consegues reutilizar alguma coisa que já tenhas em casa para te ajudar nesta mudança?  Por isso a palavra chave para uma vida sustentável sem gastar tanto dinheiro é reutilizar o máximo que conseguirmos e apostar em produtos multiusos! 

Por exemplo uma coisa super simples, trocar guardanapos de papel pelos de pano. Não precisas de comprar guardanapos de pano novos, podes utilizar os restos de tecidos que tens em casa, para fazeres os teus próprios panos. Pergunta também a um familiar! Possivelmente têm inúmeros guardanapos de pano guardados e que não usam.

Ou então, decidiste começar a fazer compras a granel, mas não queres gastar dinheiro em frascos de vidro, aproveita os que já tens em casa. Os frascos de café, de leguminosas (feijão e grão), de compotas ou até mesmo de cremes, podem ser lavados, esterilizados e reutilizados.

Ao início ainda pode ser pouco óbvio como fazer esta reutilização, mas com o tempo vamos conseguindo de uma forma natural, olhar para as coisas que temos em casa de outra forma.

Sem dúvida que existem produtos que são mais caros que os convencionais de supermercado. Como exemplo, podemos falar de champôs sólidos ou pastas de dentes naturais desperdício zero. Por usarem ingredientes orgânicos, naturais e de qualidade, obviamente não conseguem competir com os preços dos produtos fabricados com ingredientes sintéticos. Contudo, têm uma grande vantagem. A durabilidade! Estes produtos duram mais e por isso têm de ver estas aquisições como um investimento. São mais caros para adquirir, mas compensam a longo prazo pois compram menos vezes.

Pergunta 2:

Porque não há arroz a Granel?

Desperdício Zero

Infelizmente, não se consegue arranjar arroz branco a granel porque a nossa legislação encontra-se desatualizada e infelizmente parece que não há interesse na sua atualização. Se vendemos grão, outros tipos de cereais a granel, qual é o problema de vender arroz a granel? Atualmente, com todas as regras de higiene impostas às lojas, já não faz qualquer sentido proibir a venda deste cereal a granel.

Segundo o decreto de lei n.º 157/2017, artigo 7º , o arroz e a trinca de arroz só podem ser vendidos a granel se os destinatários forem, industriais, grossistas, entidades equiparadas e exportadores. Resumindo, não pode ser vendido a granel ao consumidor final.

Contudo, como a legislação não é clara, arroz misturado com especiarias já pode ser vendido a granel pois não estão mencionados na legislação. Ou seja, então só não se vende porque está na legislação, contudo já não faz qualquer sentido. Não deveriam as fiscalizações zelar pelo bom senso e multarem aspetos que são mais importantes e que comprometem a saúde? Não deveria a lei ser logo atualizada?

É algo que o consumidor procura e, não havendo lógica hoje em dia na sua proibição, deveríamos poder adquiri-lo.

Em 2018, a ASAE fez uma fiscalização a nível nacional à procura de mercearias que vendiam arroz a granel e multou várias lojas. Algumas doaram a instituições esse arroz para que não fosse deitado fora. Como exemplo de lojas que doaram o arroz, têm a Mercearia Castiça no Seixal, que tem feito um trabalho exemplar e com quem temos muito orgulho de trabalhar.

Podes encontrar um artigo sobre a fiscalização aqui!


Contudo, não é só o arroz que é proibido. O azeite e o açúcar também são. O açúcar, por exemplo, se for dos mais comercializados, como o açúcar branco, mascavado ou o amarelo, também não pode ser vendido a granel.

Em conversa com o Tiago da Mercearia Castiça, ele colocou uma questão muito interessante: “ Porque é que posso vender açúcar de coco a granel e não posso vender açúcar mascavado? Porque é que se pode vender peixe e carne a granel e não posso vender arroz?”

Infelizmente a resposta é simples: porque não está na legislação. Mas, se aparentemente não é um problema para a saúde, porque não alterar a legislação destas proibições? Para quando a alteração?

Existirão “lobbies” por trás destas indústrias? Fica a questão em aberto.

Recomendamos que vejam o programa Biosfera sobre Compras a Granel, que menciona o seguinte:

“Um país a duas vozes: por um lado, o Governo quer reduzir os resíduos plásticos e incrementar a reciclagem, por outro, cria leis que impedem a compra de bens alimentares essenciais a granel.
O que justifica a incoerência?” 

– Biosfera em Compras a Granel


Ver reportagem completa aqui! 

Pergunta 3:

Como descartar as esponjas de plástico para a loiça?

Esponja de Plástico

As esponjas para loiça de plástico devem ser sempre colocadas no lixo indiferenciado, quer sejam de plástico reciclado ou não. 

Apesar de ser de plástico reciclado, a sua composição ainda é constituída por uma mistura de plásticos, que faz com que a sua reciclagem seja muito difícil. Para além disso, as esponjas de plástico precisam de um processo de descontaminação, que permita retirar toda a sujidade e detergente que é utilizado durante as lavagens.

Infelizmente ainda não existe um sistema de recolha destes produtos em Portugal ( que nós tenhamos conhecimento), mas noutros países já existem empresas como a TerraCycle, onde se pode entregar esponjas para lavar a loiça de plástico (entre outros artigos que não são possíveis de se reciclar) e eles encarregam-se do tratamento dos mesmos, de forma a que não haja prejuízo para o nosso planeta.

Pergunta 4:

Apoiar o comércio local ou preferir alternativas sustentáveis de longe?

É muito importante apoiarmos o comércio local e os produtores locais. Desta forma minimizamos a pegada negativa do transporte. Contudo,  nem tudo o que é produzido localmente pode ser a melhor opção.

Pode ser uma fábrica que polui bastante os nossos rios com descargas ilegais, por exemplo, que não zela pelo bem estar dos trabalhadores, entre muitos outros aspetos. Ou seja, apesar da pegada do transporte, poderá compensar adquirir fora caso seja adquirido a uma empresa que funciona de forma sustentável e que zela pelo comércio justo.

Desta forma, estão a dar o vosso voto a algo que querem que se mantenha e que é o que acham correto, apesar da pegada do transporte.

Na Mind The Trash, por exemplo, preferimos por vezes adquirir produtos fora quando sabemos que trabalham de forma mais sustentável e controlada do que uma fábrica cá. Este nosso voto, indiretamente está a dizer à empresa local para ser melhor! O que também estamos a tentar fazer desde o início da empresa, é incentivar pequenos produtores/artesãos a trabalharem connosco segundo o que achamos serem boas práticas para um comércio local e justo.

Pergunta 5:

Pegada ecológica do Plástico vs Papel

Sustentabilidade

Cada vez mais se ouve falar, sobre os perigos que o plástico tem no nosso meio ambiente, mas é preciso ter em atenção que quando falamos em plástico, falamos do descartável! 

Sem dúvida alguma que este material mudou imenso a nossa forma de viver e muitas das vezes para melhor, como por exemplo na área da saúde.

O problema é que começámos a colocar plástico onde não era necessário! Garrafas de plástico, palhinhas de plástico, sacos de plástico, copos de plástico, tudo em plástico! 

O mesmo irá acontecer se começarmos a utilizar o papel de forma excessiva.

Segundo um estudo feito pela Assembleia da Irlanda do Norte, o fabrico de sacos de papel precisa 4 vezes mais de energia do que um saco de plástico! Para além disso, são muito menos duráveis. Contudo, podem ser reciclados muitas mais vezes que um saco de plástico.

Se tiveres curiosidade podes ler o estudo, aqui!

Na tabela apresentada, consegue-se ver claramente o impacto que um saco de papel e um saco de plástico têm no meio ambiente.

Plástico_vs_Papel_Mind_The_Trash

Fonte: Assembleia da Irlanda do Norte

Todas as embalagens têm um custo para o nosso meio ambiente, desde que são produzidas até à forma como são descartadas. Todas têm um impacto no nosso planeta, porque no fim de contas todas provêm de recursos que ele nos dá.

Não conseguimos encontrar aquele produto sem ter uma embalagem de plástico? Precisamos mesmo dele? Se sim, temos que garantir que depois de o comprarmos reciclamos a sua embalagem.

O ideal é nunca trazer plástico para casa, apesar de muitas das vezes isso ainda não ser possível. Por isso, só nos resta fazer a nossa parte e reciclar, quando não o conseguimos evitar!

O mesmo aplica-se ao consumo de produtos com embalagens de papel/cartão. Para além, de ser importante reciclar ou reutilizar este material, temos de ter sempre em atenção qual a sua origem. Um dos aspectos extremamente importantes a ter em consideração é se a exploração de madeira e a sua produção são justas e sustentáveis. 

O que isto quer dizer? Se têm como origem florestas com uma política de gestão sustentável e de preferência se são nacionais. Normalmente, este tipo de embalagens são certificadas pela FSC – Forest Management Council (organização internacional).

gestão florestal feita de forma sustentável, garante que produção de madeira e seus derivados, não prejudicam a biodiversidade e os processos naturais das florestas e que são plantadas novas árvores.

Por isso, a chave para reduzir o impacto, tanto do plástico como do papel, passa pela redução e reutilização. Muitos dos nossos problemas ambientais, não se resumem apenas ao facto de estes materiais existirem e sim, também tem muito a ver com o nosso comportamento. Por isso é que é tão importante, pesquisarmos e estarmos bem informados em relação a estes assuntos e perceber qual a melhor atitude que podemos tomar, quando estamos perante este tipo de questões.

Na Mind The Trash, por exemplo, preferimos sempre reutilizar papel e caixas para expedir encomendas, evitando a compra de novas caixas (apesar de também o termos de fazer por não termos caixas suficientes de pequena dimensão para reutilizar). O papel que não serve para enviar encomendas, os pedaços pequenos, colocamos no nosso compostor.

Os nossos cadernos também têm mais de 40 anos! Foram comprados à loja Cindinha Bulk Store, dos queridos Raquel e Marco, perto de Vila Nova de Famalicão, a qual recomendamos vivamente uma visita por todo o trabalho incrível e pela história da sua loja! Estes livros, poderiam ter sido considerados como lixo, mas esta loja decidiu aproveitá-los e vender a um preço simbólico!

Podem ver a loja deles aqui!

Pergunta 6:

Pegada no transporte, vale a pena encomendar um produto que venha de barco ou de comboio, da China ou da Alemanha, por exemplo?

Pegada de Carbono

Esta questão está um pouco relacionada com a pergunta 4. Para mim, vale a pena encomendar um produto que venha de longe, mas só se esse produto não existir no nosso país ou/e se for realmente sustentável quando comparado com a opção nacional. Outra questão que tenho de mencionar é a questão do preço. Não tendo muitas vezes fábricas especializadas na produção de um determinado produto, os artesãos não conseguem combater os preços mais acessíveis que uma produção mais em série tem. Pessoalmente, não me importo de adquirir produtos mais dispendiosos quando sei que são nacionais e que estou a ajudar alguém em quem acredito a se desenvolver e que trabalha de forma sustentável e justa.

Contudo, às vezes esta diferença de preço pode ser muito elevada (para o triplo algumas vezes), tornando inviável para a maioria dos consumidores.

Por aqui, já lutámos imenso para introduzir produtos nacionais e de qualidade, e muitas vezes ouvimos que são mais caros e que é “uma roubalheira”, não compreendendo todo o trabalho que está por trás. Assim, acredito que temos de ponderar caso a caso.

Outro aspeto muito importante a termos em consideração é o de não fazermos compras online por impulso. Quantas pessoas é que conheces que encomendam roupa online e que depois mandam devolver porque não gostaram da peça ou porque não era o tamanho certo?

Conheço inúmeras amigas minhas que o fazem infelizmente por ser prático e porque não pagam pela devolução! E quando, por descuido, se coloca a morada errada ou incompleta? Muitas destas compras, acabam depois por ser devolvidas e aumenta muito mais a pegada de transporte do que se fossem à loja física.

Pegada de Carbono

Encontrámos este gráfico que é super interessante e que compara a pegada de carbono de lojas físicas e de lojas online. Em teoria, as lojas físicas deveriam ser mais sustentáveis neste sentido que as lojas online. Contudo, não é assim na maior parte dos casos. Imaginem o seguinte cenário: vou a um centro comercial comprar roupa mas não fui só eu que tive essa ideia. Milhares de pessoas estão também no centro comercial. A grande maioria destas, infelizmente, vai de carro porque estes grandes centros comerciais ficam em áreas mais industriais e longe dos centros. Temos como exemplo o Centro Comercial Allegro ou o Freeport em Alcochete.

Numa loja online, uma carrinha, que já iria muito provavelmente fazer aquele trajeto, leva inúmeras encomendas. Não só de uma marca mas de várias, minimizando a pegada de carbono quando comparamos com os milhares de carros individuais.

Obviamente, se usarmos transportes públicos para nos deslocarmos esta questão não se coloca, pois já iriam fazer aquele trajeto, quer que fossemos neles, ou não. 

Segundo a CBC NEWS, um dos grandes problema com as lojas online, está nas devoluções, como já referimos acima. Para terem uma ideia, a 4 de Dezembro de 2017, os correios do Canadá quebraram o recorde do número de encomendas devolvidas num dia – 1,83 milhões! Infelizmente, estes números têm vindo a aumentar cerca de 20% por ano pelas questões que vos referimos acima, entre outras.

Na Mind The Trash, damos várias opções de envio para que o próprio consumidor possa fazer a escolha mais acertada de acordo com o seu trajeto diário e localização. Na nossa loja, encontram a opção “Levantar na Sede”, para que quem vive ou trabalha perto, se possa deslocar para levantar uma encomenda sem a necessidade do envio.

Para terem uma noção, os levantamentos na Sede correspondem a 5% das nossas vendas. Quando iniciámos o projeto , quisemos lançar esta opção, não sabia que era possível ou não pois nunca tinha visto uma loja online com esta possibilidade (o que não quer dizer que já não existisse claro).

Decidimos arriscar por não nos fazer sentido enviar encomendas para clientes que trabalham perto de nós e que se podem deslocar a pé.

No que diz respeito às compras em lojas online, estas deveriam ser mais ponderadas e menos regulares, comprando somente aquilo que realmente precisamos! O ideal, seria também juntar amigos ou vizinhos e mandar vir encomendas em conjunto, minimizando o número de envios, que inclui transporte, caixas e acondicionamento).

Felizmente temos vários clientes que o fazem e só vos podemos agradecer por isso, ajudando-nos ainda mais na nossa missão!

Esperamos que tenhas gostado deste artigo!

Agradecimentos:

Mercearia Castiça pela ajuda na pergunta sobre o arroz a granel.