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Petróleo [Parte 2]. Quais os usos do petróleo?

Conceitos Importantes
Artigo Petróleo (Parte 2). Quais os seus Usos?

Finalmente partilho convosco a Parte 2 deste artigo sobre o petróleo! Se ainda não leram o artigo anterior, leiam (link aqui)! Tem conteúdo super interessante sobre o que é o petróleo, quando foi descoberto e como é extraído.

Como referi na parte 1, quando falamos em petróleo acabamos por tocar em todos os aspetos da nossa vida, pois este material está presente em praticamente tudo o que consumimos! Não acreditam? Vejam a seguir!

A vida moderna é feita de muitos comodismos e este estilo de vida tem sem dúvida um preço para o ambiente. Estima-se que, excluindo o óleo combustível, a vida moderna resulta em cada cidadão de uma nação industrial consumir mais de 1200 galões de petróleo por ano!

Mas então, além dos combustíveis, que outros usos tem o petróleo?

Os produtos petroquímicos podem ser tão simples como um saco de plástico, até tapetes, cortinas, roupa, eletrodomésticos e até complexos engenhos explosivos!

Na tabela abaixo, podem ver alguns subprodutos do petróleo mas vamos explorar mais alguns. Aqui, certamente reconhecem o Nylon, as resinas e as borrachas artificiais.

Fonte: Onyenekenwa Cyprian Eneh , 2011. A Review on Petroleum: Source, Uses, Processing, Products and the Environment. Journal of Applied Sciences, 11: 2084-2091.

Detergentes e Desengordurantes

Já pensaram que quando temos uma mancha de óleo na roupa, iremos muito provavelmente tirá-la com um produto que provém da mesma origem?

Os detergentes por norma são produzidos com tensoativos (agentes de limpeza) derivados do petróleo. A matéria-prima mais importante para a produção dos detergentes é o alquilbenzeno (alkylbenzene).

Curiosidade: Existem vários tipos de detergentes (detergente aniônico, neutro ou não aniônico e anfótero) e produzem uma cadeia que inclui um hidrocarboneto que é repelido pela água e outro que é atraído pela água.  Estes hidrocarbonetos encontram-se em extremidades opostas da cadeia química do detergente e, ao terem forças opostas, acabam por soltar a gordura/sujidade e a agarrá-la à água. A isto, é importante adicionarmos a água morna que ajuda a dissolver a gordura/sujidade e a agitação criada pelo tambor da máquina ou pelas mãos.

NOTA: Os detergentes podem ser biodegradáveis ou não, dependendo da sua estrutura molécular. Os não biodegradáveis devem ser evitados pois podem prejudicar os seres vivos e não são decompostos por micro-organismos.

Aditivos alimentares – Conservantes, Vitaminas e Aromas

Sabiam que alguns chocolates podem conter cera de parafina, uma cera mineral proveniente do petróleo? Esta cera é adicionada em pequenas quantidades ao chocolate derretido para que, quando sólido, fique com um efeito brilhante. A parafina é também adicionada para que o chocolate não derreta tão facilmente na mão. Existem depois as ceras vegetais, como a cera de coco ou cera de soja por exemplo, mas que, por norma, são bem mais dispendiosas.

A parafina é classificada como um conservante e, além do chocolate, é amplamente usada em frutas, vegetais ou doces para lhes dar um aspeto brilhante e retardar a perda de humidade e deterioração. Também se usa a parafina para selar geleias, por exemplo.

Além da parafina existem outros aditivos alimentares também provenientes da petroquímica, utilizados como conservantes para impedir a proliferação de micro-organismos e prolongar a frescura ou tempo de vida dos produtos. Se querem evitar este tipo de ingredientes, o ideal é mesmo ficarem atentos à lista de ingredentes. Seguem abaixo alguns exemplos contudo, como devem imaginar, a lista é extensa:

– Benzoic acid (E210, ocorre naturalmente em algumas plantas mas, de modo geral, é preparado por processos sintéticos);

– Sodium Benzoate (E211, sal de sódio do E210);

– Butylated Hydroxyanisole (BHA – E320);

– Butylated Hydroxytoluene (BHT);

– TBHQ (Tertiary-butyl hydroquinone).

Fonte: https://www.dangersalimentaires.com/en/2011/01/les-additifs-alimentaires/ (esquerda) e https://bridgetsgreenkitchen.com/2015/02/food-additives-to-avoid.html (direita).

Outro aditivo muito usado é a Vanillin, um preparado artificial de aroma a baunilha, também proveniente da petroquímica. Esta é uma substância muito apreciada para a criação de aromas artificiais e é usado em alimentos, perfumes e produtos farmacêuticos.

Basicamente quase todos os produtos alimentares que encontramos nas prateleiras dos supermercados contêm aditivos alimentares. Desde bolachas a batatas fritas, comida pré-preparada, congelados… Incrível não é?

Além de prolongarem a validade dos produtos, todos estes subprodutos do petróleo contribuem para reduzir o custo final do produto, tornando-o mais atrativo (financeiramente) ao consumidor final.

Produtos farmaceuticos e cosméticos

Alguns artigos mencionam que o  petróleo começou a ser usado para fins medicinais por volta de 1814 mas foi por volta de 1849, que o seu uso medicional tomou outras proporções – quando Mr. Kier, Jr. decidiu colocar petróleo dentro de uma garrafa e vender como um remédio para todas as doenças da vida. Abriu uma loja em Pittsburgh, Pensilvania, onde vendia petróleo engarrafado por meio dolar. A sua ideia surgiu depois da sua mulher aparentemente ter melhorado de tuberculose depois de ter bebido um remédio que continha petróleo. Este medicamento patenteado era vendido como um elixir da vida e heis o que era publicitado sobre o mesmo:

“Petroleo, ou óleo de pedra, celebrado por seus maravilhosos poderes curativos, um remédio natural adquirido de um poço em Allegany Co., Pa., quatrocentos pés abaixo da superfície da Terra. Colocado e vendido por Samuel M. Kier, 363 Liberty Street, Pittsburgh, Penny´a.

O bálsamo curativo, da fonte secreta da Natureza, A flor da saúde e da vida, o homem trará: Das suas profundezas flui o líquido mágico, para acalmar os nossos sofrimentos e aplacar as nossas angústias.”

Esta é só uma pequena parte da propaganda criada, apoiada por centenas de testemunhos, em que várias pessoas cegas, começaram a ver, pessoas a sofrer de doenças incuráveis, ficavam curadas.

O petróleo era vendido aqui como uma água mineral, impregnada com várias substâncias curativas.

Atualmente, o petróleo tem inúmeros usos na medicina e cosmética sendo o óleo mineral e o petrolato (vaselina) utilizados em formulações de muitos cremes e produtos farmacêuticos tópicos. O óleo mineral é um produto que provém da destilação do petróleo no processo de produção da gasolina. Esta é uma solução de baixo custo, uma alternativa aos óleos naturais como o óleo de coco, azeite, entre outros, para dar consistência e oleosidade às formulações.

A vaselina, por sua vez, é usada como hidratante nas formulações e está presente em protetores solares, hidratantes capilares, hidratantes labiais, entre outros. Este é um produto que precisa de um refinamento muito grande para chegar ao ponto de ser seguro para a pele.

No que respeita os medicamentos, alguns analgésicos e homeopáticos,  contêm benzeno, também um derivado do petróleo.

Fertilizantes e Pesticidas

Sabiam que o petróleo tem um uso muito importante na produção de amoníaco que é utilizado em fertilizantes? Além de ser preciso combustível para as diversas máquinas agrícolas, o petróleo é também amplamente usado em pesticidas, tornando a agrícultura um dos maiores usuários de produtos à base de petróleo. Portanto, se queremos reduzir o consumo de petróleo, toca a ver bem quais são os fertilizantes e pesticidas que compram para as vossas hortas e optem, sempre que possível, por produtos de agricultura biológica!

Borrachas (pneus, ténis…)

Até 1910, toda a borracha utilizada era produzida a partir de elastômeros naturais obtidos de plantas contudo, após a Segunda Guerra Mundial, a produção de uma borracha sintética tornou-se uma necessidade. A borracha, é produzida com butadieno, um gás não corrosivo, inflamável e com um leve cheiro a gasolina. É utilizado amplamente na produção de pneus, solas de sapatos, adesivos, selantes e polímeros para infinitas finalidades. Além destes produtos, o butadieno é também a base para resinas de nylon, carcaças de eletrodomésticos, telefones, entre outros.

Sabiam que para produzir um pneu são precisos oito galões de petróleo?

Pois é, agora também estão com o queixo no chão? Admito que fiquei quando descobri tudo isto.

Como viram vivemos numa sociedade totalmente dependente do petróleo. A solução? Bem, certamente que não é fácil encontrar alternativas para determinados subprodutos, por vários motivos. Assim, a solução mais simples é a de reduzirmos o que consumimos, evitarmos ao máximo o desperdício e, sempre que possível, optarmos por marcas transparentes com a sua produção e que vejamos que são uma boa alternativa em termos de redução de pegada ambiental ( ecológica, hídrica e de carbono).

Espero que tenham gostado deste artigo tanto quanto eu!

Fontes:

B.A. Wells and K.L. Wells (2016). “First American Oil Well”, American Oil and Gas Historical Society. URL: https://aoghs.org/petroleum-pioneers/american-oil-history. Última atualização: 23 de Agosto de 2021. Data original da publicação: 14 de Abril de 2016. Acedido em: Maio de 2022.

ASAE. URL: https://www.asae.gov.pt/seguranca-alimentar/aditivos-alimentares/conservantes.aspx. Acedido em: Junho 2022.

Society of Petroleum Engineers (2016). “Origin of Petroleum”, Petrowiki. URL: https://petrowiki.spe.org/Origin_of_petroleum. Última atualização: 22 de Março de 2016. Acedido em: Maio de 2022.

“Lista dos Conservantes”. Quali – Segurança Alimentar. URL: https://www.quali.pt/aditivos-alimentares/499-lista-conservantes. Acedido em: Junho 2022.

“What food constains petroleum?”. Petro Online. URL: https://www.petro-online.com/news/fuel-for-thought/13/breaking-news/what-foods-contain-petroleum/37415. Acedido em: Junho 2022.

Henry. J.T. (1873), “The Early and Later History of Petroleum, With Authentic Facts in Regard to its Development in Western Pennsylvania”. Washington.