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[Parte 2] Triagem do Plástico. Como funciona?

Mãos à obra
Capa Amasul Plastico Triagem Mind The Trash 03

São muitas as dúvidas que temos relativamente a todo o processo da reciclagem e, na maioria das vezes, agimos incorretamente por estarmos mal informados. Assim, decidimos explorar alguns dos dizeres mais comuns relativamente à reciclagem. Vejam abaixo os erros e a nossa explicação.

Erro 1 # Não faço a reciclagem porque já pago taxa de gestão de resíduos!”

Provavelmente já ouviram pessoas a dizer que não fazem a separação dos resíduos porque já pagam a taxa (tarifa) de gestão de resíduos, ou seja, já pagam para alguém fazer esse trabalho. Este pensamento está totalmente errado e explicamos abaixo porquê.

Se virem as vossas faturas da água, para além do consumo da água, é cobrada a tarifa de gestão de resíduos e ainda a taxa de gestão de resíduos. 

O que é afinal a taxa de gestão de resíduos?

Não quero focar-me muito na taxa de gestão de resíduos mas quero explicar-vos resumidamente o que é.  A Taxa de Gestão de Resíduos, ou TGR, existe para penalizar a entrada de resíduos nos destinos considerados “piores”. Aqui, lista-se: 1) o que vai para aterro, 2) o que vai para incinerar sem valorização energética ou 3) o que vai para incinerar com valorização energética.

Todo o material depositado nestes destinos paga uma taxa, ou seja, por cada tonelada de material, é cobrada uma taxa às entidades que lá o vão depositar e que é entregue ao Estado. Com esse dinheiro, o estado volta a reintroduzi-lo no sistema de forma a financiar projetos e realização de concursos para melhoria da gestão de resíduos para fomento da economia circular. Podem ver mais informações no site da APA, Agência Portuguesa do Ambiente, aqui.

A tendência deste valor é crescente como podem ver aqui ou na tabela abaixo. Noutros países este valor é muito superior (aprox. 40 Euros).

FONTE: APA, AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE. VALOR DA TGR.

Sabiam que o aterro do Seixal encheu bem mais rápido do que estava previsto? O buraco inicial tinha mais de 300m de profundidade e já está quase a atingir o seu limite. Após atingir a sua capacidade máxima, terá de se encontrar outro local para depositar o lixo. E qual é o grande problema? Para além de ser um péssimo destino para os nossos lixos e de não se poder construir nestes locais pois é solo contaminado, a verdade é que ninguém quer viver ao lado de aterros. Qual a solução? Enviar menos lixo para aterros! Como? Reduzir o que consumimos, compostar os nossos alimentos, evitar plásticos não recicláveis, entre outros.

Tudo o que vai para reciclar não paga TGR porque são destinos que fomentam a economia circular – do velho fazer novo. Assim, quanto mais reciclarmos, menos irá para aterro, ou seja, menos iremos pagar de TGR.

Resumindo, quanto mais enviarmos para aterro, mais seremos penalizados por ser um mau destino para os resíduos.

Então e a tarifa de gestão de resíduos?

A tarifa de gestão de resíduos refere-se a despesas de pessoal, despesas de funcionamento de veículos, limpeza das instalações, compra e manutenção de equipamentos, manutenção mecânica de toda a frota, compra e manutenção de todos os contentores e despesas do funcionamento de todos os tratamentos dos resíduos que produzimos. Ou seja, a tarifa destina-se a cobrir o custo da gestão dos resíduos que produzimos.

Sabiam que as tarifas que a maioria das entidades gestoras de resíduos urbanos nos cobram/ não compensam os gastos que têm com o tratamento dos nossos resíduos? Ou seja, a  tarifa não cobre as despesas mesmo considerando o valor que recebem pelos resíduos triados (papel, plástico, vidro…).

Então ao separarmos errado ou não separarmos de todo, estamos a aumentar as nossas despesas? SIM!

Exemplo 1: Imagine que coloca entulho de obra no ecoponto amarelo. Os camiões não estão preparados para recolher este lixo e podem ficar danificados, resultando numa despesa extra de manutenção do veículo.

Exemplo 2: Ao colocarmos, por exemplo, resíduos orgânicos no lixo amarelo, estamos a sujar o camião que irá contaminar os plásticos e os metais. Assim, para além de aumentarmos a despesa pois os camiões terão de ser limpos com maior regularidade, estamos a fazer com que um plástico que poderia ser comprado para reciclagem, poderá não ser comprado pois o plástico sujo e contaminado é mais difícil de vender (acarta despesas extra a quem o compra pois custa mais a limpar).

Como reduzir o valor da tarifa?

A única forma de reduzir o valor da tarifa passa pela redução do lixo que produzimos e pela separação correta de resíduos. Quanto mais separarmos e colocarmos nos ecopontos correspondentes, menos lixo irá para o lixo indiferenciado e os sistemas de gestão de resíduos urbanos terão menos gastos com os tratamentos posteriores.

Se optar por reciclar, está a garantir que o produto terá uma nova vida, por outro está a poupar pois o valor gasto para o tratamento do lixo indiferenciado é de todos os contribuintes. Dinheiro esse que poderia ser investido noutros projetos.

Tem dúvida se um plástico é reciclável ou não?

Segundo nos foi mencionado pela Amarsul, em caso de dúvida sobre a reciclabilidade de um determinado plástico, a melhor opção é colocar no ecoponto amarelo para que seja triado! Ao colocar no lixo indiferenciado não estará a dar ao resíduo a hipótese de ser reciclado.

Erro 2 # “Não faço a separação do lixo para criar mais postos de trabalho”

Ao não separar está somente a aumentar a quantidade de lixo que irá para aterro e ao fazer a separação incorreta poderá estar a contaminar material que poderia ser facilmente vendido para reciclagem e deixará de ser.

No centro de triagem, os trabalhadores irão recolher apenas o lixo plástico que pode ser reciclado. Se misturado estiverem outros resíduos que não plástico, como pilhas por exemplo, estes não serão colhidos pelos funcionários e terminarão no aterro.

Erro 3 # “Não faço a reciclagem porque o camião põe tudo junto!”

Muitas foram as pessoas que viram recentemente um vídeo de um camião do lixo a misturar os resíduos dos ecopontos. Se não viu o vídeo pode ver ao clicar aqui.  Nesta situação, aparentemente, houve mesmo mistura de resíduos e, segundo justificação dada pela Câmara Municipal de Lisboa, “os serviços de higiene urbana do município detectaram, durante a recolha anterior, um índice de forte contaminação (mistura de resíduos indiferenciados nas embalagens e papel/cartão) (…).” e a entrega destas recolhas numa central de triagem “implica a rejeição dos lotes entregues, por parte do sistema multimunicipal”.

Se pensa que os resíduos são sempre misturados, então está bem errado/a. Hoje em dia, os camiões são bicompartimentados, ou seja, têm mais do que um compartimento para que, numa só viagem, possam recolher plástico, papel ou metal para entregar nos centros de triagem.

Sempre que vir um camião da câmara recolher os resíduos dos ecopontos todos juntos, questione os funcionários e a própria câmara – pode haver, ou não, razões para isso.

Mais importante que reciclar é reduzir a necessidade de reciclar!

Não queremos que vejam este artigo como um incentivo ao consumo de plástico mas sim como uma fonte de informação útil sobre o funcionamento do sistema de triagem. Não nos podemos esquecer que um dos princípios do Desperdício Zero é o Reciclar, mas antes do Reciclar temos o Reduzir e o Reutilizar. Mais importante que reciclar é reduzir a necessidade de reciclar!

Caso queiram compreender como produzir menos lixo, recomendo lerem o nosso artigo sobre os 5 R´s aqui.

Agradecimentos: Eng. do Ambiente Paula Gama